A PF não confirmou se os textos chegaram a ser enviados a Bolsonaro. Os documentos foram encontrados no computador do ex-chefe da Abin a partir de quebra sigilo autorizada pela Justiça no caso da “Abin paralela”. Essa investigação apura se Bolsonaro usou o órgão para monitorar adversários políticos e outras autoridades brasileiras.
Questionado pela PF, Ramagem disse não se lembrar se fez os envios. O ex-chefe da Abin prestou depoimento à corporação no último dia 17. Ele assumiu que escreveu os textos “para comunicação de fatos de possível interesse” de Bolsonaro, mas afirmou que não tinha recordações se os documentos foram enviados ao ex-presidente.
Trechos dos e-mails
Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do Sr. no primeiro turno. Todavia, [com fraude] ocorrida na alteração de votos. O argumento na anulação de votos não teria esse alcance todo. Entendo que argumento de anulação de votos não seja uma boa linha de ataque às urnas.
Alexandre Ramagem, em e-mail encontrado pela PF
Parece ser o momento do golpe para retorno da política anterior. Nenhuma crise conseguiu enfraquecer sua base e não aparenta haver políticos à altura de vencê-lo em 2022. Portanto, parece que a batalha maior será agora, requerendo atitude belicosa com estratégia.
Alexandre Ramagem, em e-mail encontrado pela PF
Ex-chefe da Abin também escreveu texto com ilações sobre STF e o TSE. Sem apresentar provas, Ramagem disse que havia “armadilhas sendo colocadas”. “O inquérito do Celso de Mello possui relação com o inquérito das fake news do Alexandre de Moraes, ambos com o intuito de fundamentarem o golpe no TSE. Sendo assim, primeiro é necessário que a PGR arquive o inquérito do Celso de Mello, para expor todas as nulidades do procedimento do Alexandre de Moraes.”