André, sim, é um bolsonarista raiz, que surgiu na onda de 2018, mas agora no segundo turno tem tentado se descolar dessa imagem e trazer o debate para a esfera municipal —afastando assim a força de Lula e do ministro Camilo Santana no Ceará do outro lado. “Não existe Lula contra Bolsonaro, não é uma campanha PT contra PL; é uma campanha dos mesmos de sempre contra nós”, disse.
Para a cientista política Monalisa Torres, da UECE (Universidade Estadual do Ceará) afirma que Fernandes teve como trunfo o apoio de líderes religiosos, mas, especialmente, capitalizou bem o sentimento de rejeição à gestão dos grupos políticos locais (PT e PDT) ao longo dos últimos anos. Para ela, o debate eleitoral foi pautado localmente.
Você acha que o eleitor da periferia está preocupado com o banheiro unissex, com linguagem neutra? A mãe está preocupada se o filho vai chegar em segurança em casa, porque tá com medo da facção, de o filho morrer no meio do caminho; se vai conseguir chegar ao posto de saúde e ter atendimento; se ao acessar um ônibus tem um serviço de qualidade.
Monalisa Torres, cientista política
O único nome que tem apostado todas as fichas no ex-presidente é o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL), que usa e abusa da associação a Bolsonaro e já gravou vídeo prometendo uma visita do “capitão” no segundo turno. Ele, porém, teve 20% dos votos válidos no primeiro turno e é visto como azarão na disputa agora contra o atual prefeito, Cícero Lucena (PP).