A maior parte dos candidatos ligados a Jair Bolsonaro (PL) que lideram pesquisas de intenção de voto aos governos estaduais do Nordeste não destacam o presidente em suas campanhas (veja na arte abaixo). A região é a que Bolsonaro vai pior no país enquanto Lula lidera em todos os estados, segundo as pesquisas de intenção de voto.
Deste grupo, apenas o ex-presidente Collor se vincula de modo explícito à figura de Bolsonaro. Para especialistas, isso se explica em razão do mau desempenho do presidente no Nordeste. (Veja mais abaixo)
Os outros quatro candidatos têm feito campanha em seus estados sem destacar a proximidade com Bolsonaro, seja nos materiais visuais da propaganda eleitoral ou em seus discursos.
Apoio explícito dos azarões
O quinteto vincula suas candidaturas ao nome do presidente e formam unanimidade para tentar aumentar seu eleitorado de forma local com base no bolsonarismo.
Ferreira possuía 12% das intenções de voto na pesquisa anterior, em 6 de setembro, no 3º lugar da disputa. No intervalo para a pesquisa mais recente, Cabral (candidato de Lula no estado) e Coelho oscilaram para cima, enquanto Raquel Lyra, 1p.p. para baixo.
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Para a cientista política Carla Michele de Quaresma, a intenção de voto expressada pelos eleitores nordestinos em Bolsonaro está entre os motivos para ele ser escondido das campanhas estaduais.
O Nordeste é a região em que o presidente vai pior no país, segundo as pesquisas de intenção de voto.
“No Ceará, por exemplo, percebemos que 20% a 30% do eleitorado estão dispostos a votar no Bolsonaro. Para uma eleição proporcional, isso é interessante: um deputado que tem vínculo pode render em votação expressiva. Isso não é o mesmo para eleger candidato majoritário, ao governo do estado”, diz.
Quaresma, que é professora da Faculdade Ari de Sá, no Ceará, cita o caso de Capitão Wagner, que liderava a disputa até esta semana, segundo pesquisa Ipec.
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“Como o Capitão é visto como aberto ao diálogo, alguém que já recebeu pessoas da esquerda no CE, esse comportamento dele pode ser afetado pela vinculação a Bolsonaro e ele pode perder votos”, afirma.
A análise muda de figura quando os candidatos bolsonaristas estão em posição de desvantagem nas pesquisas. Do terceiro lugar para baixo, avalia Carla, se ligar a Bolsonaro é estratégia positiva mesmo se não chegar ao segundo turno.
“Mesmo que não chegue ao segundo turno, pelo menos a pessoa tem votação expressiva e entra na próxima etapa da eleição em posição confortável para negociar participação em outra campanha e, depois, fatias do governo. É um capital político importante”, diz.
O que dizem os candidatos
Questionado pelo g1 sobre não atrelar sua campanha à imagem de Bolsonaro, Weverton Rocha, candidato do PDT no Maranhão, afirmou que sua candidatura é construída na “base de diálogo” e reafirmou ser uma candidatura com algum tipo de ligação com os três principais presidenciáveis – Lula, Jair Bolsonaro e Ciro Gomes.
“O candidato do meu partido é o Ciro Gomes, meu vice é do PL e na minha base há os movimentos sociais que apoiam a candidatura de Lula. Aqui trabalharei com quem for eleito”, disse o candidato.
Sílvio Mendes afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o presidente Jair Bolsonaro possui outro candidato no Piauí, Coronel Diego Melo (PL), e, por conta disso, não tem como “dar uma resposta” sobre usar ou não a imagem do presidente na campanha estadual.
Valmir de Francisquinho disse que mantém o apoio a Bolsonaro e que o uso da figura do presidente em suas propagandas “diz respeito apenas ao presidente Jair Bolsonaro”, conforme comunicado enviado por sua assessoria de imprensa. “Diante do comportamento instável do presidente, é possível que ele venha a Sergipe antes do pleito”, diz a nota.
Procurado pela reportagem, Capitão Wagner, candidato do União Brasil no Ceará, não se pronunciou.