Se desde 2019 pelo menos metade da população brasileira de 25 anos ou mais tinha pelo menos o ciclo obrigatório de ensino no Brasil, esta ainda não é uma realidade para moradores do Nordeste e para pessoas de cor preta ou parda.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua: Educação (2023), divulgada pelo IBGE, mostra a continuidade da trajetória de crescimento, até 2023, da proporção de pessoas que terminaram a educação básica obrigatória, que inclui o ensino médio. O percentual, que era de 46,2% em 2016, alcançou 50% em 2019, 53,2% em 2022 e 54,5% em 2023.
O retrato atual, no entanto, ainda é de desigualdade. Entre os moradores do Nordeste, são 45,6%. Isso significa que, em 2023, a região ainda tem um percentual menor que o registrado na média do país em 2016. Já o Norte do país pela primeira vez ultrapassou metade da população nesta condição: proporção passou de 49,7% em 2022 para 51% em 2023.
“Lá em 2016, menos da metade da população brasileira tinha pelo menos o básico completo e isso vem subindo. Mas se percebe claramente diferenças regionais. Enquanto no Sudeste a fatia [que completou o ciclo básico de ensino] é de quase 60% e no Centro-Oeste é de 58%, menos da metade concluíram o ensino básico obrigatório no Nordeste”, afirma a coordenadora das pesquisas por amostra de domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.
Os dados apresentam diferenças também por cor ou raça ou gênero. Pelo recorte de gênero, as mulheres apresentam uma proporção maior de concluintes do ensino básico obrigatório – 56,3% delas frente a 52,4% dos homens, em 2023.
Pessoas pretas e pardas, por sua vez, mais uma vez apresentam níveis mais baixos de instrução: a proporção de pessoas com ensino obrigatório completo era de 48,3% neste grupo em 2023, ante taxa de 61,8% entre as pessoas brancas.
Os indicadores referentes ao ensino superior completo mostram que quase um quinto dos brasileiros (19,7%) tinham tal qualificação em 2023, bem acima dos 15,4% de 2016 e dos 19,2% de 2022. Eram 27,58 milhões de pessoas com diploma universitário no país em 2023, 1,09 milhão a mais que em 2022. O indicador considerava apenas as pessoas com 25 anos ou mais de idade, que é a faixa etária estimada para que a pessoa, em geral, já tenha concluído o curso superior.
Na outra ponta, no entanto, o país permanecia com um contingente de 8,433 milhões de pessoas sem instrução. O percentual desse grupo permanece em 6% desde 2019, mas, em números absolutos, houve um aumento de 146 mil pessoas na passagem entre 2022 e 2023.