Evento ocorreu em Belém, com a presença de instituições federais de diversos estados do Norte e Nordeste
Entre os dias 27 e 29, um grupo de estudantes e servidores do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) esteve presente no XIV Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação (Connepi), em Belém, para apresentar os trabalhos selecionados e ministrar minicursos.
O Congresso, que teve como tema “Educação tecnológica: conectando regiões, construindo futuros”, reuniu projetos de toda a região Norte e Nordeste, incluindo 54 desenvolvidos por estudantes do IFRN. Conheça alguns:
Tecnologia na educação: proposta de um jogo didático digital para o ensino de Biologia Celular
O projeto foi desenvolvido pelos estudantes do curso de Informática do Campus João Câmara: Fabrício de Araújo Silva Gomes, Wermesson Cleinaldo Barbosa da Silva, Maria Eduarda de Lima Pinho e Ilane Aryane Guilherme Santana. A orientação ficou a cargo dos professores Renan de Oliveira Silva e Mariana Santana Santos Pereira da Costa.
O objetivo do trabalho é integrar tecnologia ao ensino de Biologia: “Sabemos que o ensino de Biologia pode ser desafiador, com muitos termos abstratos e complexos, o que gera queixas por parte dos alunos. Por isso, decidimos aliar a tecnologia, que está presente em nosso cotidiano, ao ensino de Biologia para melhorar o processo de ensino-aprendizagem, utilizando jogos como ferramenta”, explicou a professora Mariana.
Há cinco anos, o projeto desenvolve jogos digitais voltados para a área de Biologia, entre os quais destaca-se o Cell Evolution, um jogo destinado ao ensino de Biologia Celular. No Cell Evolution, o jogador acompanha a história de uma célula que nasce com defeitos e, à medida que cumpre as missões do jogo, aprende sobre os principais conceitos da Biologia Celular, como moléculas, organelas e o funcionamento celular em geral. Ao final do jogo, o jogador descobre que a célula defeituosa é, na verdade, um macrófago, uma célula responsável pela defesa do organismo.
“Esse projeto é importante não só para aprimorar o ensino de Biologia, mas também para os alunos que participaram, pois eles tiveram contato com linguagem de programação e softwares específicos, que normalmente não fazem parte do currículo das disciplinas de programação. Esse conhecimento adicional pode ser valioso para o futuro, por exemplo, se eles quiserem seguir a carreira de programadores de jogos, utilizando essa experiência para desenvolver jogos educacionais ou comerciais”, acrescentou a professora Mariana.
Abordagem educacional steam, cultural maker, tecnologias, assistivas e internet das coisas (IoT): desenvolvimento, aperfeiçoamento e validação de prototipagem de baixo custo para acessibilidade de pessoa com deficiência
O projeto foi criado por estudantes dos cursos de Eletrotécnica e Tecnologia em Energias Renováveis do Campus João Câmara: Júlia Ewelyn Rodrigues dos Santos, Dayane Vitória Nascimento da Silva Santos, Erikson Pedro da Silva Nicácio e Fanuel Henrique Freitas da Costa; e orientado pela professora Emiliana Souza Soares.
O trabalho é fundamentado nas perspectivas das tecnologias assistivas e da Internet das Coisas (IoT), com base na cultura maker e no conceito Steam, e tem como objetivo desenvolver três protótipos de tecnologias assistivas destinados a pessoas com deficiência visual.
“Os protótipos desenvolvidos incluem um boné capaz de detectar obstáculos e uma pulseira que, com base nos dados transmitidos pelo boné, informa o usuário, por meio de um sinal vibratório, sobre a presença de obstáculos à frente, na altura da cabeça”, explicou a orientadora. Além disso, foi desenvolvida e aprimorada uma bengala eletrônica que utiliza tecnologia de identificação por rádio frequência e se comunica com um aplicativo responsável por informar ao usuário sua localização em ambientes internos.
Para o desenvolvimento dos protótipos, foi utilizado o microcontrolador ESP32, juntamente com os sensores necessários para garantir as funcionalidades dessas ferramentas tecnológicas, que visam proporcionar maior autonomia e acessibilidade às pessoas com deficiência visual, promovendo a inclusão social.
A orientadora ainda acrescentou: “Dado o caráter inclusivo desse trabalho, ele se alinha com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial os ODS 4, 9 e 10. A redução das desigualdades (ODS 10), como um direito humano fundamental e essencial para a construção de um mundo pacífico, próspero e sustentável, é destacada por meio do desenvolvimento e da prototipagem de Tecnologias Assistivas (TA), que têm permitido aos seus usuários acesso à educação, trabalho, lazer, esporte e resultados significativos para a saúde e o bem-estar”.
Cajuínas – Mulheres na Tecnologia
O projeto foi criado por duas alunas do Campus Natal-Central: Ester Oliveira do Nascimento Duarte Melo e Débora Samara dos Santos Rodrigues, sob a orientação das professoras Silvia Matos e Marília Freire.
Em uma pesquisa realizada pelo grupo, observou-se que no curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (Tads) do IFRN há um número significativamente maior de homens em comparação às mulheres. Com isso, decidiram investigar o contexto local para entender as razões dessa disparidade e o estigma de que homens são melhores em áreas de exatas do que as mulheres. O projeto foi criado com o objetivo de apoiar a permanência e o ingresso de mulheres no curso de Tads do IFRN, oferecendo uma comunidade de acolhimento tanto acadêmica quanto emocional.
“Durante o desenvolvimento do projeto, utilizamos diversos métodos, destacando-se a comunicação constante que as alunas e as coordenadoras mantiveram entre si e com outras alunas do curso, que desde o início demonstraram grande interesse em participar das Cajuínas. O aspecto principal do projeto foi a criação de uma comunidade, desde o início, com a intenção de considerar as ideias de todas as mulheres envolvidas”, explicou Ester Oliveira.
Algumas atividades já foram realizadas com as alunas interessadas no projeto, como a oficina de serigrafia e cor, na qual serigrafamos a marca gráfica do projeto em peças de tecido. Mantemos um canal de comunicação ativo por meio de grupos, onde várias meninas compartilham conteúdos de estudo e oportunidades no mundo da tecnologia.
Minicursos
Durante a programação do evento, vários minicursos foram oferecidos, destacando-se o curso “Formação Estudantes-Autores: da sala à iniciação científica”, ministrado pelo professor Cédrick Silva, do Campus Lajes, em parceria com estudantes e docentes de Institutos dos estados de Pernambuco, Alagoas, Ceará, Pará e Paraíba.
O minicurso foi direcionado a estudantes e docentes dos Institutos Federais e demais participantes do Connepi, com o objetivo de contribuir para a formação de jovens pesquisadores e autores de textos científicos. Foram abordados temas como prática de leitura e produção textual, argumentação, coesão e coerência, planejamento da escrita e ferramentas de apoio à produção científica.
O professor Cédrick ressaltou que esse intercâmbio de ideias e conhecimentos evidencia o potencial da iniciação científica como uma ferramenta crucial para o desenvolvimento de futuros pesquisadores: “O momento proporcionou uma rica troca de experiências tanto em pesquisa quanto em inovação. A participação ativa de estudantes e professores criou um ambiente dinâmico e colaborativo. Trabalhamos juntos em todas as etapas do processo científico, desde a identificação de problemas e a formulação de perguntas de pesquisa até a produção de textos e a construção de argumentos sólidos”, comentou.