Qualquer governo é, do primeiro ao último dia, uma fábrica de gerenciar crises. A maioria delas parte de fora para dentro: é uma pandemia, um deslizamento de terras com vítimas, a insegurança pública, a fome, as greves, enfim, uma infinidade de situações que fogem ao controle do governante. Convém, portanto, evitar ao máximo as crises desnecessárias que partem de dentro dos palácios.
Nas últimas semanas, o governo Elmano vem enfrentando uma leva de críticas por posicionamentos públicos pouco cuidadosos – para dizer o mínimo – de auxiliares diretos do governador.
De impostos a homicídios
No último dia 13 de maio, o secretário da Fazenda, Fabrizio Gomes, em entrevista, antecipou uma crise ao declarar que o governo do Estado – inclusive o governador – é favorável à taxação de produtos importados como os vendidos em plataformas como Shopee, Shein e AliExpress.
Criação de novos tributos é sempre uma ideia indigesta ao contribuinte. Além do mais, a regulamentação do tema depende do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, o Comsefaz. O tema, portanto, é nacional e a declaração jogou no colo de Elmano uma crise desnecessária.
Nesta semana, foi a vez do secretário de Segurança Pública, Samuel Elânio causar um problema político ao governador. Ao comentar os homicídios no Ceará, o secretário reconheceu que os números estão em crescimento, mas que, na comparação com um período maior, os dados ainda seriam “razoáveis”.
O Ceará tem na violência urbana uma de suas principais chagas sociais. Os homicídios são a parte mais visível e dolorosa da onda de insegurança. Em hipótese alguma dá para considerar um número superior a 1.300 mortes violentas como “razoável”.
O secretário até chegou a se desculpar e reconhecer que o termo foi inadequado. Entretanto, o problema já havia sido criado e o alvo político foi o governador.
Fontes desta coluna apontam que o puxão de orelha do Abolição não deve se restringir aos dois auxiliares.
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