As regiões Nordeste e Norte, como sempre, seguem concentrando o maior crescimento do número de mortes no trânsito brasileiro, respondendo por 45% do aumento nos óbitos nos últimos dez anos. A constatação é feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no documento “Balanço da 1ª década de Ação pela Segurança no Trânsito no Brasil e Perspectivas para a 2ª década”, divulgado nacionalmente na quarta-feira (2/8).
Os dados dizem respeito aos sinistros de transporte terrestre nas duas primeiras décadas do século XXI no Brasil. As duas décadas de segurança viária foram criadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) com a missão de reduzir em 50% o número de mortes no trânsito brasileiro e mundial.
MOTOCICLISTAS SEGUEM SENDO AS PRINCIPAIS VÍTIMAS
A morte de usuários de motocicleta também segue em destaque. Segundo o Ipea, cresceu 150% em relação à década anterior – comparando 2010 a 2019 a 2000 a 2009. O crescimento da frota de automóveis e motocicletas contribuiu para o aumento da mortalidade nessas regiões.
As regiões Sul e Sudeste apresentaram queda de 1,5% e 2,8%, respectivamente, enquanto a Região Centro-Oeste registrou alta de 14% nas mortes.
JOVENS SÃO, DE NOVO, OS QUE MAIS MORREM NO TRÂNSITO
Quando a análise do Ipea é feita sob o recorte da faixa etária, a constatação se repete: são os jovens as principais vítimas. 1/3 são de pessoas muito jovens (até 15 anos) e 2/3 delas têm menos de 50 anos.
Sinistros de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define. Entenda) com motocicletas responderam por 44% dos óbitos na faixa de 15 a 29 anos. Enquanto as mortes por atropelamento são responsáveis pela maior parte dos óbitos envolvendo pessoas com mais de 70 anos.
E, segundo os dados da PRF, responsável pela fiscalização e controle do trânsito em rodovias federais em todo o País – usados como base para análise do Ipea -, a principal causa dos sinistros nessas rodovias é a falta de atenção ou reação dos motoristas, motociclistas e pedestres (36% das ocorrências). Questões comportamentais estão associadas à boa parte dos acidentes, como a desobediência das regras de trânsito (14,4%), excesso de velocidade (10%) e uso de álcool (5%). O principal tipo de ocorrência é a colisão frontal, responsável por quase 40% das mortes no trânsito.
MORTES NO TRÂNSITO CUSTAM MAIS DE R$ 50 BILHÕES POR ANO
Os pesquisadores do Ipea também identificaram que as ocorrências de mortes no trânsito geram custos superiores a R$ 50 bilhões por ano, gerando forte impacto na economia por conta dos gastos com a Previdência Social e a redução de renda das famílias atingidas, além dos altos custos hospitalares e danos patrimoniais.
O documento “Balanço da 1ª década de Ação pela Segurança no Trânsito no Brasil e Perspectivas para a 2ª década” foi elaborado pelos pesquisadores Carlos Henrique Carvalho e Erivelton Pires Guedes, técnicos de planejamento e pesquisa do Ipea.
Confira a publicação na íntegra:
Nota Técnica Mortalidade 2010-2019 IPEA by Roberta Soares on Scribd