O dia 1º de abril de 2024 marca os 60 anos do golpe militar no Brasil, um capítulo de retrocessos, violências e perdas na história do país. A região Nordeste testemunhou situações marcantes desse período histórico e experimentou os efeitos profundos das políticas autoritárias e econômicas implementadas.
O cientista político Manoel Moraes, que integrou a Comissão da Verdade e Justiça de Pernambuco, concedeu entrevista ao Brasil de Fato Pernambuco e compartilhou seu conhecimento e opiniões sobre o impacto duradouro da ditadura no Nordeste. Assista abaixo.
Ao discutir os eventos que marcaram o início da ditadura, Moraes destacou a prisão do governador Miguel Arraes (PSB) e o massacre de estudantes como dois eventos marcantes da violência estatal que atingiu a região. “E a repressão não se limitou às áreas urbanas: nas áreas rurais, as Ligas Camponesas enfrentaram um verdadeiro massacre”, lembrou ele.
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Militares matam estudantes e derrubam Miguel Arraes
Moraes também citou os ataques às populações rurais e indígenas como parte da repressão do Regime Militar. “O genocídio das comunidades indígenas é uma mancha sombria em nossa história”, observou.
Questionado sobre o impacto econômico da ditadura no Nordeste, o cientista político abordou o papel do governo na busca por empréstimos internacionais para financiar o chamado “milagre econômico”.
Manoel aponta que, embora tenha havido investimentos significativos na região, como a criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), as consequências negativas também foram evidentes. “A dívida externa crescente e a crise econômica dos anos 1980 deixaram marcas profundas em nossa economia e sociedade”, afirmou.
Ao resumir o legado da ditadura militar no Nordeste, o estudioso destaca o sofrimento causado pela perseguição política e o desequilíbrio econômico. “A região sofreu profundamente com a concentração de recursos no Sudeste, deixando cicatrizes que ainda são visíveis hoje”. Moraes defende a necessidade de medidas compensatórias para enfrentar as desigualdades persistentes e garantir um futuro mais justo para o Nordeste brasileiro.
Edição: Vinícius Sobreira