A Secretaria de Estado da Saúde (SES) da Paraíba confirmou, na última quarta-feira (9), os dois primeiros casos autóctones de febre oropouche, uma arbovirose transmitida pelo mosquito maruim (Culicoides paraensis). O agravo causa sintomas semelhantes a outras doenças, como dengue e chikungunya, o que demanda atenção redobrada na identificação precoce e controle. Este é o primeiro registro da circulação do vírus no estado, o que acende um alerta para os profissionais de saúde e para a população em geral.
Casos confirmados
De acordo com informações divulgadas pela Gerência Executiva de Vigilância em Saúde, os dois primeiros casos ocorreram em um homem de 42 anos, residente em Campina Grande, e em uma mulher de 41 anos, moradora do município de Alagoa Nova. Ambos apresentaram sintomas como febre alta (acima de 39ºC), dores no corpo, cefaleia intensa, e, no caso do homem, náuseas e dores abdominais.
O homem começou a manifestar os sintomas no dia 1º de outubro e foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Campina Grande. Após receber cuidados médicos, ele permanece com cefaleia e náuseas, mas está sendo monitorado pela Secretaria Municipal de Saúde. Já a mulher de Alagoa Nova, que não está gestante, também iniciou os sintomas em 1º de outubro. Ela foi atendida na Unidade de Saúde da Família do município e, após a evolução favorável de seu quadro, encontra-se sem sintomas, mas continua sob acompanhamento.
Reunião com gestores municipais
Diante dos primeiros casos da doença no estado, o secretário de Estado da Saúde, Ari Reis, reuniu-se na manhã desta quarta-feira com os secretários municipais de saúde da Paraíba, durante o encontro da Comissão de Intergestores Bipartite (CIB). Na ocasião, foi discutida a importância do fortalecimento das ações de prevenção, controle e tratamento da febre oropouche nos municípios, sobretudo diante da semelhança de sintomas com outras arboviroses.
“O apoio da SES aos municípios será contínuo, garantindo o suporte necessário na rede de urgência e emergência. Estamos monitorando ativamente os casos e capacitando as equipes de saúde para atuar conforme os protocolos estabelecidos. A vigilância ativa em todo o estado é uma prioridade para contermos a disseminação da doença e lidarmos com os cenários epidemiológicos que possam surgir”, declarou Ari Reis.
Prevenção e controle
Carla Jaciara, responsável técnica pelas arboviroses da SES, reforçou a necessidade de intensificar os cuidados de prevenção, especialmente em áreas onde já há registro de casos. “A febre oropouche é uma doença que pode ser confundida com dengue ou chikungunya, por isso, é essencial procurar atendimento médico logo nos primeiros dias após o surgimento dos sintomas para que seja feita a coleta de amostras de forma adequada e oportuna”, explicou.
Carla destacou que as amostras dos pacientes são encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública da Paraíba (Lacen-PB), que é a referência no diagnóstico da doença no estado. Ela também reforçou que a população deve evitar circular em áreas com casos confirmados, usar repelentes, especialmente no caso de gestantes, e vestir roupas que protejam as áreas do corpo expostas ao mosquito transmissor.
Entre as medidas de prevenção recomendadas pela SES estão:
– Limpar terrenos e locais onde haja criação de animais, já que o mosquito maruim se prolifera em ambientes com matéria orgânica em decomposição;
– Recolher folhas e frutos que caem no solo, pois podem servir de criadouros para o vetor;
– Instalar telas de malha fina em portas e janelas para impedir a entrada do mosquito em ambientes fechados;
– Eliminar focos de água parada, que também podem favorecer a proliferação do maruim,
– Evitar exposição nos horários de pico de atividade do mosquito, que costuma ser ao final da tarde.
Semelhança com outras arboviroses
A febre oropouche, assim como outras arboviroses, tem um quadro clínico que pode incluir febre alta, dores musculares e nas articulações, manchas vermelhas na pele, dor de cabeça ou atrás dos olhos, náusea, vômitos, diarreia e dor abdominal. Em casos mais graves, a doença pode evoluir com pressão baixa, sangramentos espontâneos, diminuição da urina, extremidades frias e até confusão mental.
A orientação das autoridades de saúde é que pessoas que apresentem esses sintomas procurem atendimento médico imediatamente e evitem automedicação, que pode mascarar os sintomas e agravar o quadro clínico. Carla Jaciara destacou que gestantes, crianças menores de dois anos, idosos acima de 65 anos e pessoas com doenças crônicas têm maior risco de complicações e, por isso, devem redobrar os cuidados.
Transmissão e histórico da doença
A febre oropouche é uma doença viral que já foi registrada em diferentes regiões da Amazônia, além de outros estados do Nordeste. A doença é transmitida pela picada do mosquito maruim, que se prolifera em áreas rurais e urbanas, especialmente em ambientes úmidos e com matéria orgânica em decomposição.
Os primeiros registros da doença datam da década de 1960, com surtos esporádicos em regiões do Brasil e outros países da América do Sul. Embora a febre seja uma doença que, na maioria dos casos, apresenta sintomas leves a moderados, a vigilância epidemiológica é essencial para evitar surtos em regiões onde o vírus ainda não circulava, como é o caso da Paraíba.
Medidas estaduais e vigilância
A Secretaria de Estado da Saúde reforçou que a vigilância epidemiológica está sendo intensificada em todos os municípios paraibanos, com foco na identificação precoce de novos casos e na implementação de medidas de controle.
Além disso, a SES está realizando capacitações com os profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros e agentes de vigilância, para identificar a doença e adotar os protocolos necessários para diagnóstico e tratamento.
A secretaria também informou que está em contato constante com as equipes de vigilância de outros estados para acompanhar a evolução dos casos de febre oropouche no país e adaptar as medidas de controle conforme as atualizações dos cenários epidemiológicos.
Recomendações à população
A SES recomenda que a população siga as orientações de prevenção e controle, evitando a exposição ao mosquito transmissor e eliminando possíveis criadouros. O uso de repelentes é uma das principais formas de proteção, especialmente para gestantes e pessoas com maior vulnerabilidade.
A secretaria também alerta que, em caso de sintomas, a população deve procurar as unidades de saúde e evitar o uso de medicamentos sem orientação médica. “O combate à febre oropouche depende de uma ação conjunta entre poder público e sociedade. Precisamos que todos estejam atentos às medidas preventivas para que possamos evitar novos casos e controlar a disseminação da doença”, concluiu Carla Jaciara.
O alerta da SES coincide com a conscientização global sobre as doenças transmitidas por mosquitos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o mosquito é o animal que mais mata no mundo, sendo responsável por doenças como malária, dengue, zika, febre amarela e, agora, a febre oropouche.
Fonte: BdF Paraíba
Edição: Cida Alves