Após focar nas agendas internacionais no primeiro ano do terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai intensificar as viagens pelo país em 2024, quando haverá eleição municipal. O calendário prevê que ele visite todos os estados do país já no primeiro semestre para acompanhar as entregas do governo. A largada será nesta semana pelo Nordeste, região onde o presidente concentra sua maior popularidade.
A previsão é que Lula visite o Ceará, Pernambuco e Bahia. Na quinta-feira, ele deve inaugurar a pedra fundamental das obras do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em Fortaleza, ao lado dos ministros da Defesa, José Múcio, e da Educação, Camilo Santana. Também está previsto, na sexta-feira, visitas à área que será ampliada no Porto de Suape, em Ipojuca (PE), para receber navios de grande porte e outra na Bahia, onde deve lançar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O cronograma completo ainda está em construção, mas já foram mapeadas uma série de obras que podem contar com a atenção do presidente. Entre elas, construções consideradas fundamentais para a segurança hídrica, concentradas majoritariamente no Nordeste. Há intervenções também de infraestrutura rodoviária, hospitais, unidades de saúde e escolas. No Paraná, o governo federal fez duas licitações para a concessões de rodovias, e a previsão é que haja um evento para marcar o início das obras.
A expectativa é que Lula intensifique as viagens até julho e faça uma pausa entre agosto e outubro, em razão das eleições municipais. O receio é que a agenda eleitoral se confunda com a institucional, fazendo com que o governo esbarre em questões legais. Há, no entanto, a avaliação de que as inaugurações vão contribuir “naturalmente” com os interesses locais do Executivo.
O ministro Paulo Pimenta (Comunicação Social) afirmou que o primeiro ano dedicado ao exterior foi uma necessidade para incluir novamente o Brasil nas principais discussões:
— As viagens internacionais foram quase uma imposição. O (Jair) Bolsonaro retirou o Brasil da agenda. Além disso, assumimos a presidência do G20, do Mercosul, e temos no horizonte a realização da COP em 2025. Naturalmente, isso deu um protagonismo. Neste ano, não vai depender de calendário eleitoral. É a forma do Lula trabalhar, e em 2024 isso vai ser feito com ênfase.
Apesar de ainda não ter traçado toda a estratégia para atuação na disputa municipal do próximo ano, Lula já definiu que vai mergulhar de cabeça em, pelo menos, duas campanhas: a de São Paulo e a de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. De acordo com lideranças petistas, a expectativa é que o mandatário se envolva diretamente em locais onde o confronto com o bolsonarismo for claro.
Lula ainda quer que os ministros intensifiquem a presença nos estados, participem de início de obras, entregas e façam ações institucionais. A atuação vai ser coordenada pela Casa Civil, comandada por Rui Costa. O governo pretende ainda amarrar todas os programas lançados em 2023 para construir uma marca sem que haja uma “fragmentação” da gestão.
De janeiro a dezembro do ano passado, o presidente ficou fora de Brasília por 63 dias para cumprir agendas dentro do território nacional — 22 a menos do que quando assumiu a Presidência pela primeira vez, em 2003. Enquanto isso, passou mais tempo no exterior, 77 dias, superando o início de seus dois primeiros mandatos.
Duas viagens internacionais já foram anunciadas para 2024: a reunião dos países do Caricom — bloco de cooperação econômica e política criado em 1973, que será realizada na Guiana — , e o encontro da União Africana, em Addis Ababa, na Etiópia. Lula ainda receberá líderes em Brasília ao longo do ano. Há previsão de encontro em março com o presidente francês, Emmanuel Macron; e com representantes do Japão, Catar e Emirados Árabes.
— Tem duas viagens internacionais que eu quero fazer ano que vem. E se preparem para o restante dos 365 dias, porque eu vou percorrer o Brasil — afirmou Lula em dezembro de 2023.