A eleição em Fortaleza, pelo que indicam as pesquisas até agora, tem panorama diferente da maioria das capitais do Nordeste, principalmente as maiores. Ocorreu nas últimas semanas a cristalização de um cenário que tem André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) na liderança. Capitão Wagner (União Brasil) e José Sarto (PDT) aparecem a seguir. Na média, calculada pelo agregador de pesquisas do O POVO, a diferença entre dois candidatos é de até 4 pontos. É muito equilibrado. Pode dar qualquer coisa.
Francos favoritos
Outras eleições pelo Nordeste têm francos favoritos a vitórias — no primeiro turno, inclusive, de acordo com as pesquisas mais recentes. No caso, são prefeitos que buscam reeleição. Em particular nas maiores capitais. Bruno Reis (União Brasil) em Salvador (BA) e João Campos (PSB) no Recife (PE) estão perto de ser reeleitos, salvo erro grande das pesquisas.
João Henrique Caldas (PL), o JHC, também aparece em folgada vantagem para a reeleição em Maceió (AL). Assim como Eduardo Braide (PSD), prefeito de São Luís (MA). Em João Pessoa (PB), Cícero Lucena (PP) é outro com chance de ser reeleito em primeiro turno.
Em Aracaju (SE), a vereadora Emília Corrêa (PL) tem certa vantagem, mas não tanta quanto nas capitais anteriormente citadas. Em Natal (RN) e Teresina (PI), o panorama é mais embolado.
Ritmos das mudanças em Fortaleza
O conjunto das principais pesquisas em Fortaleza, há pelo menos três semanas, aponta para o crescimento de André e Evandro e uma tendência de segundo turno entre os dois. Isso pode dar a impressão de um cenário cristalizado e consolidado. Porém, não é uma margem folgada, uma distância enorme. Com o começo do horário eleitoral, André e Evandro deram um salto nas intenções de voto. Depois, os movimentos se tornaram menos bruscos. A continuidade daquele movimento tornaria Wagner e Sarto inviáveis. Porém, ambos chegam aos dias finais ainda com chances, mesmo que em desvantagem. Agora, no fim, as alterações podem ser mais intensas novamente.
O simbolismo de Sobral
A eleição de Sobral é uma das mais disputadas e acirradas no Ceará. Uma das mais emblemáticas também. Foi o laboratório político onde se iniciou a aliança entre o PT e os Ferreira Gomes, que chegou ao poder estadual dez anos depois de vencer no Município. No governo, o ciclo está indo para 18 anos. Portanto, 28 em Sobral. Oscar Rodrigues (União Brasil) é de outra família política, de ascensão mais recente. É empresário do ramo de educação, dono de universidade. Reuniu em torno de si muitos adversários que os Ferreira Gomes acumularam ao longo de décadas.
Difícil negar a projeção e os resultados obtidos por Sobral no período. O Município não foi o laboratório apenas da aliança partidária, mas de muitas das políticas públicas que deram resultados em nível estadual.
Mas, o poder também desgasta. Nenhum dos grandes municípios cearenses está nas mãos do mesmo grupo há tanto tempo. Cid Gomes se elegeu prefeito no mesmo ano em que Juraci Magalhães foi eleito para o segundo de três mandatos na Capital. De lá para cá, Fortaleza encerrou a era Juraci, teve o ciclo de Luizianne Lins (PT) e, agora, o período de Roberto Cláudio (PDT) e Sarto. Caucaia teve seis alternâncias de poder no intervalo e uma única reeleição. Juazeiro do Norte, nem isso. Nenhum prefeito se reelegeu ou fez sucessor. O ciclo mais duradouro nos grandes municípios, depois de Sobral, é em Maracanaú, e começou oito anos mais tarde.
Sobral é o emblema nacional para o grupo Ferreira Gomes. Significa muito mantê-lo. Por isso, foi escolhida candidata Izolda Cela (PSB), com o peso de quem foi governadora. Igualmente, para a oposição, impor a derrota tem um simbolismo tremendo.
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