A Paraíba tem se destacado em 2024 pelo crescimento expressivo no número de pesquisas eleitorais registradas. Segundo levantamento divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até setembro deste ano, o estado já contabilizou 265 levantamentos, mais que o dobro das 129 pesquisas registradas durante as eleições municipais de 2020. A explosão no número de sondagens levantou suspeitas de fraudes e gerou intervenções da Justiça Eleitoral.
De acordo com reportagem publicada pelo Jornal O Globo, a Paraíba, ao lado de estados como Piauí e Pernambuco, está entre os líderes no aumento de registros de pesquisas neste ano. O fenômeno chamou a atenção para irregularidades que incluem desde metodologias questionáveis até o uso de nomes de empresas similares às de institutos já estabelecidos no mercado.
Entre os casos de fraudes identificados no estado, destaca-se o ocorrido em Bananeiras, onde uma pesquisa foi impugnada após o contratante negar ter solicitado o serviço ao Instituto de Pesquisa Nacional. A Justiça Eleitoral, então, proibiu a divulgação do levantamento. Outro episódio ocorreu em São Bento, onde uma pesquisa realizada pelo Instituto Ranking de Pesquisa foi barrada por falta de documentação e transparência. Esse instituto já teve suspensões anteriores em Campina Grande.
Especialistas também têm apontado para o autofinanciamento de pesquisas como um possível indício de manipulação. “O custo do trabalho não é baixo. Então qual é o interesse das empresas de fazer as pesquisas sem que alguém pague?”, questionou João Francisco Meira, sócio do Instituto Vox Populi. Na Paraíba, um terço dos levantamentos foi registrado como autofinanciado pelas próprias empresas responsáveis, o que gera desconfiança sobre a motivação por trás de tais pesquisas.
A presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel), Mara Telles, afirmou que a produção de pesquisas de baixa qualidade ou fraudulentas pode interferir diretamente na decisão dos eleitores, induzindo o chamado voto útil. “No Brasil, existe um mercado de pesquisas idôneas, mas começaram a ser produzidos inúmeros trabalhos com resultados bastante questionáveis e até falsos que enganam eleitores e candidatos”, explicou Telles.