O avanço do mar nas áreas costeiras do Rio Grande do Norte tem se tornado um problema crescente, com o exemplo dos recentes prejuízos em praias de Natal e Tibau do Sul. De acordo com o meteorologista Gilmar Bristot, o aquecimento global e o fenômeno La Ninã são fatores que podem causar o aumento do nível dos oceanos. “É uma consequência que deverá ser sentida com mais frequência e, principalmente, nesta época do ano, entre agosto e novembro, devido ao período de ventos mais fortes que chegam aqui na costa do Nordeste”, disse ele.
O aquecimento global, causado principalmente pelas emissões de gases de efeito estufa, resulta no derretimento das calotas polares e das geleiras. Essa liberação de água doce nos oceanos é uma das principais causas do aumento do nível do mar, com impactos diretos nas áreas costeiras.
“Essa questão do aumento dos níveis dos oceanos tem que ser analisado com certo cuidado e critérios. Porque é evidente que a mudança climática, causada pelo aumento e liberação constante de gases do efeito estufa na atmosfera, tem causado descongelamento das calotas polares. Esse descongelamento da água faz com que o nível dos oceanos aumente, tenha elevação. E consequentemente, quando tem situações específicas, como é o caso nessa época do ano aqui no Nordeste, que tem o aumento dos ventos devido à intensificação do centro de alta pressão do Atlântico Sul, esse aumento dos oceanos faz com que também aumente a atuação das marés em cima da costa”, explicou Bristot.
Danos à Infraestrutura Urbana
Cidades costeiras enfrentam também desafios para manter sua infraestrutura. Com o avanço das águas, estradas, redes de esgoto e construções localizadas próximas ao litoral estão sendo danificadas. Em Natal, por exemplo, a orla de Ponta Negra já passa por obras de contenção, enquanto outras regiões aguardam soluções urgentes para evitar maiores prejuízos.
O especialista explicou que, em condições de maior quantidade de água e ventos mais intensos, ocorre um deslocamento significativo de massa de água em direção ao continente, o que pode resultar em danos na orla marítima. “Nesses últimos meses, nós observamos um aumento dos ventos aqui no Nordeste, principalmente no período das nove da manhã até quatro, cinco horas da tarde. E dependendo do período, da época do mês, na fase da lua cheia, da lua nova, tem um incremento a mais devido a força gravitacional, que ela tem uma única direção, fazendo com que as marés sejam mais altas, mais elevadas, e associado a isso você tem os ventos mais fortes”.
Ventos mais fortes
O metereologista explicou que os ventos mais fortes na costa do Nordeste são causados pela alta pressão do Atlântico Sul, que se intensifica entre os meses de junho e agosto. Essa intensificação resulta em ventos mais fortes de setembro até início de novembro. Ele observou que, devido a águas mais frias no Oceano Atlântico e à maior pressão atmosférica, houve um aumento na velocidade dos ventos. Além disso, o fenômeno La Niña também contribui para a circulação atmosférica na região, facilitando o deslocamento dos ventos e potencializando sua intensidade, o que faz com que a água chegue com mais força durante as marés.
“Dependendo da condição, os ventos de Nordeste podem estar mais intensos, ou os ventos de Sudeste mais intensos. E aí você tem a orla marítima, tanto o litoral sul como o litoral norte, como a Costa Branca, podendo receber esse impacto dessa associação da maré com o vento e com esse excesso de água devido ao aquecimento global”, explicou Bristot.