No semiárido paraibano, homens e mulheres do campo celebram a alegria da colheita do algodão orgânico. Este é o quarto ano desde a retomada do plantio da fibra natural em Ingá, na Paraíba, em consórcio com outros alimentos, explica o agricultor Nelson de Macena, produtor de algodão.
Produzido pela agricultura familiar e quilombola, em 2021 eram sete famílias na Itacoop, cooperativa dos agricultores do município de Ingá e região. Hoje, são 28 famílias que se beneficiam diretamente do plantio do algodão orgânico, com destaque para as mulheres; são 22 à frente do trabalho.
Antônia Régis é uma delas e no último ano foi a produtora com o maior faturamento. Filha de agricultores, desde criança ajudava no cultivo da terra e conta que ficou desconfiada com a retomada do plantio do algodão.
Para chegar aos bons resultados, os agricultores usam a tecnologia e seguem orientações de algumas instituições, como a Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Isso tudo para vencer o bicudo, inseto que acabou com o ciclo de cultivo de algodão na Paraíba no passado. A agricultora Maria Janete da Silva Rego, de 70 anos, lembra que antigamente se usava muito agrotóxico para combater as pragas, mas hoje a prática é outra.
Com tecnologia e manejo sustentável, o algodão de Ingá pode receber, em breve, uma importante certificação internacional, o GOTS, Global Organic Textile Standard, um dos padrões mais rigorosos para produtos têxteis orgânicos do mundo. Francisca Vieira, presidente da Associação Brasileira da Indústria da Moda Sustentável e líder do projeto Algodão Paraíba, explica a vantagens dessa certificação.
As boas práticas para o cultivo do algodão servem de modelo para outros estados, detalha a pesquisadora Nair Arriel, chefe geral da Embrapa Algodão.
No fim do dia da colheita, agricultores, empresários e demais participantes do evento assistiram a um desfile de roupas de uma das marcas que consome o algodão orgânico de Ingá.