As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste abrigarem 40% das OSCs do país, no entanto, elas recebem apenas 14% dos recursos da Lei Federal de Incentivo ao Esporte, aponta o Mapa das Organizações da Sociedade Civil do IPEA.
Regiões com maior vulnerabilidade social no Brasil, Norte, Nordeste e Centro-Oeste, enfrentam um desafio significativo na obtenção de recursos destinados ao esporte, conforme revela o Mapa das Organizações da Sociedade Civil do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Com apenas 14% do montante total da Lei Federal de Incentivo ao Esporte, aproximadamente R$35,5 milhões, essas áreas recebem um volume de recursos significativamente inferior em comparação com as regiões Sul e Sudeste.
De acordo com Fernando Salum, Diretor Executivo da Rede Igapó e Nexo Investimento Social, esses números mostram o quanto algumas áreas do país carecem de aportes que poderiam ser utilizados para transformar vidas. “Temos um cenário no qual as OSCs das regiões com maior vulnerabilidade social recebem um volume de recurso incentivado pequeno, mesmo se comparado com outros indicadores, como população e PIB. Isso se traduz em menos oportunidades de desenvolvimento institucional e de investimento em atividades de extrema importância social”, diz.
Com o intuito de promover maior igualdade na divisão de recursos entre as regiões, a Rede CT – Capacitação e Transformação, rede de desenvolvimento de empreendedores sociais esportivos para uso de leis de incentivo criada pela Rede Igapó e Nexo Investimento Social, junto ao Instituto Futebol de Rua, deu início a um programa de capacitação de representantes de OSCs das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, por meio de aulas e mentorias, para poderem usufruir de mecanismos da Lei Federal de Incentivo ao Esporte e captarem recursos.
Com 328 instituições inscritas, o programa promete impactar mais de 170 mil pessoas, direcionando especial atenção para organizações localizadas em cidades do interior, onde as necessidades muitas vezes são ainda mais prementes. No entanto, dados revelam que a maioria das OSCs enfrenta dificuldades financeiras, com apenas 6% conseguindo cobrir os custos fixos de seus projetos e uma parcela significativa incapaz de pagar suas despesas obrigatórias.
“Sendo o esporte um grande vetor de transformação social, temos um cenário onde os territórios que mais necessitam de recursos são justamente os que menos recebem via Lei Federal de Incentivo ao Esporte. Iniciativas como a rede CT se tornam assim fundamentais para mitigar um panorama de desigualdade que só pode ser alterado a partir da mobilização das OSCs, da iniciativa privada e do poder público, de forma que esse tripé desenhe em conjunto estratégias de descentralização de recursos financeiros e intelectuais visando a transformação social”, finaliza o executivo.
O programa é dividido em duas etapas: capacitação, composta por aulas online, com material didático e profissionais da área; e mentoria, para algumas das OSCs que se destacarem durante o período de capacitação, em que receberão um acompanhamento mais próximo. As organizações serão divididas em três turmas e, após o início das aulas, cada turma levará quatro meses até o fim da mentoria.
A iniciativa alinha-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda da ONU, especialmente o ODS 10 (Redução das desigualdades). E assim, a iniciativa visa garantir a igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades de resultados.
A Rede CT – Capacitação e Transformação, é um projeto que, com apoio do Instituto Futebol de Rua, Nexo Investimento Social e Rede Igapó, e patrocínio do Itaú, capacita empreendedores sociais esportivos para uso da Lei Federal de Incentivo ao Esporte. Com a expectativa de capacitar 300 OSCs e mentorear outras 120, a Rede CT visa capacitar representantes dessas organizações para auxiliar em programas de apoio à prática esportiva como agente de transformação social nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, com foco em cidades no interior dos estados e pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.